Mais um ano, mais uma voltinha! O plano era serem 3 companheiros de viagem. Na ultima semana o grupo de viajantes ficou reduzido a dois! Eu e a minha fantástica companheira que mostrou o que é gostar de bicicletas a muitos “coleccionadores”.
Apesar de o começo da viagem estar marcado para as 7 da manhã de Sábado, era meia noite de sexta ainda eu andava a tratar de uma bicicleta que acabei por não levar. Não foi fácil levantar da cama.
Parece-me sempre mais demorado atravessar uma cidade de bicicleta do que um campo e sair de Aveiro parece que demora uma eternidade apesar de ser tão pequena. É capaz de ser da ansiedade. A primeira etapa liga Aveiro a Mira, primeiro por uma estrada bastante movimentada que depressa se abandonou para nos embrenhar-mos nos pinhais e estradas mais secundárias. Os primeiros problemas não demoraram a aparecer: um braço da pedaleira com uma folga e um dínamo que teimava em se encostar à roda. Se o problema do dínamo rapidamente foi resolvido, o braço da pedaleira foi uma dificuldade acrescida ao longo de toda a viagem. Mais valia ter levado um martelo! Também podia ter pedido a alguém pelo caminho.
Café tomado em Mira, a próxima etapa é descansada no que a trânsito diz respeito. A antiga estrada Mira – Quiaios é bastante sossegada mas infelizmente também com troços bastante acidentados: buracos com bocados de alcatrão! Mesmo assim preferível ao transito horrível da N109. Superado o desafio para máquina e homem, a mini etapa Quiaios – Praia de Quiaios é o ultimo esforço antes do almoço. Infelizmente a escolha do restaurante não foi muito acertada. Comi a pior carne de porco à alentejana da minha vida num tasco chamado Marisqueira do Sul ou qualquer coisa parecida. Além disso não passaram recibo. É por estas e por outros que não gosto de comer fora de casa mas isso é outro assunto.
Depois de almoço, tempo para colocar um remendo na roda da frente da bicicleta da minha cara metade. Estaria pela frente um dos mais difíceis, se bem que mais belo, troço do percurso. Praia de Quiaios – Figueira da Foz é uma etapa que insisto em fazer pela velha estrada encostada ao mar. O problema são as subidas acentuadas e as ravinas directas ao oceano. Se as primeiras se fazem a pé por serem terreno inapropriado para as três mudanças dos cubos da maior parte das pasteleiras, as segundas não são compatíveis com a pouca sensação se segurança que os travões de alavanca proporcionam. Além disso, esta zona está coberta com um pó fino, resultado da exploração de cal que ali abre uma ferida na serra. A descida para Buarcos, apesar de ser bom alcatrão também é particularmente perigosa para estas bicicletas. É uma sensação de alivio chegar à praia.
Já se avista a ponte a atravessar, mais um pequeno desafio, se calhar mais psicológico mas que depressa se transpõe! Os próximos quilómetros são para mim os piores. É inevitável a passagem pela movimentada N109, um martírio que coloca os ânimos em baixo. Estava a ver que a minha companhia desistia aqui.
Assim que se sai da N109 para as aldeias circundantes na direcção da rotunda da estrada da praia do Osso da Baleia parece que a viagem é outra. Realmente viajar de bicicleta com muito trânsito é muito complicado. Depois de uma pequena estrada acidentada, as ciclovias vermelhas que se construiram em direcção ao Pedrõgão tornam a viagem descansada e bonita. Este ano não segui o mais encostado possível à costa pois tinha como objectivo encurtar o caminho. Não sei se foi a melhor opção. Apesar de serem menos quilómetros, as estradas degradadas, subidas e algum trânsito não compensam a beleza e descanso do litoral que aumenta a vontade de pedalar. Da Lagoa de Ervideira para Vieira, de Vieira para Marinha Grande. O objectivo estava próximo. Eram cerca de 22:00 quando parei de pedalar na localidade da Moita, perto da Burinhosa que já não visitei apesar do convite do Rui, muito obrigado.
Bom jantar e boa cama, toca a acordar cedo para o dia da festa. Poucos quilómetros por pinhal separavam a nossa estadia do local onde se realiza o encontro e feitos pelos pinhais (as pasteleiras quase que pareciam bicicletas de BTT) não custou nada.
A festa começou como habitualmente, inscrições e pequeno almoço; cumprimentar os conhecidos e dar uma vista de olhos nas bicicletas. Quis-me parecer logo de manhã que a qualidade das bicicletas presentes foi superior às edições anteriores. Também me quis parecer que a organização das inscrições funcionou muito melhor. Como já cheguei um pouco tarde acabei por não tirar a fotografia oferecida pela organização mas não vem mal ao mundo por isso. Até porque nas edições anteriores a qualidade fotográfica não se revelou grande coisa.
Conversa para aqui, conversa para ali, começa o passeio. Curtinho e com muito sol, só os automobilistas com pressa a mais estragam um pouco o ambiente. O povo é burro e sempre será, é por isso que é povo.
Esqueci-me de colocar protector solar e, com o sol do dia anterior, acabei por apanhar umas queimaduras tramadas. Tenham sempre muito cuidado com o sol e o nevoeiro da beira mar. A quantidade de bicicletas na estrada foi impressionante. 600 bicicletas juntas criam uma massa difícil de explicar. Que me tenha apercebido, não aconteceram problemas de maior. Contribuíram para isso os esforços da organização. Durante o passeio vamos conversando com este e com aquele, com conhecidos do fórum amigosdaspasteleiras e com caras novas. O que interessa é pedalar.
O almoço, à semelhança da edição do ano passado, foi feito no local de partida, uma quinta verdejante, daquelas usadas em casamentos e outras desgraças. Melhor não podia ser. A tarde foi passada de volta da comida, dos copos e dos amigos. Entre o bar com café gratuito e as garrafas trazidas de casa com variadas substancias alcoólicas, não falta nada. A música ambiente ficou a cargo de um rancho folclórico, coisa que não aprecio minimamente. Umas boas gaitadas e bombos dariam um ambiente muito mais tradicional. Mas é capaz de ser um gosto pessoal.
No meio disto existe uma coisa que me deixa um pouco confuso e até triste. Para quê ir a um encontro destes para ir embora depois de almoço? Eram 6 da tarde, já poucos restavam no recinto. O meu dia de festa acabou com uma agradável conversa com a mãe do Ruizito, que deu para perceber todas as dificuldades que ele encontra ao montar este encontro. Parabéns!
Uma nota final: montei um odómetro no eixo da bicicleta de senhora mas deixei-o a roda ao contrário, o que me valeu uma valente gargalhada quando reparei nisso!
Ficam ainda algumas fotografias do que por lá se avistou:
Comments (1)
Pingback: BRM 200 km Tejo-Sorraia-Tejo (11/02/2011)