Os nervos acompanharam a chegada do dia deste evento. Não sei bem porquê mas não me senti totalmente confiante. Afinal seriam mais de 200kms em cima de uma bicicleta de BTT e penso que é de assustar qualquer um.
Toca o despertador às 6:30 da manhã. Tinha dormido mal, muitas voltas na cama, uns olhos inchados, um acordar nada animador. Um pequeno almoço de Nestum com pedaços de banana serviu de base ao longo dia que ai vinha.
Pouco antes das 7 da manhã começei a dar as primeiras pedaladas. Caia uma chuva miúda tipo chuva molha parvos. Neste caso o parvo era eu! Encontrei-me com o Afono, homem das ultras, e fomos apanhar outro colega a Angeja. Daqui a Albergaria foi um tiro, sempre acompanhados da chuvinha que acabou por molhar mesmo!
Depois de um café foi só levantar o dorsal, sempre muito bem conseguido esteticamente, cumprimentar pessoal conhecido, escutar meia dúzia de palavras da organização e siga para a linha que o comboio já está atrasado. Depressa se chega a Sernada do Vouga e dai à ecopista (desperdício de dinheiro) são uns minutos de alcatrão. Por esta altura ainda fazia tudo parte do mesmo comboio, mais coisa menos coisa. À medida que os kms passam vão formando grupos com andamentos diferentes, como é normal e as aventuras de uns acabam por ser diferentes das aventuras de outros. O meu grupo acabou formado por pyrata, illuminatos, salgado52 e afonso (nicks do fórumbtt). Infelizmente o afonso acabou por regressar mais cedo, em Real das Donas. Outros foram pedalando connosco e é esse um dos pontos mais importantes destas aventuras.
Como não é a primeira vez que faço este caminho, é interessante observar as mudanças na paisagem, na própria linha, nas casas que a rodeiam e nas estações. Poucas são as recuperadas e muitas são as vandalizadas. Existe uma estação curiosa, aproveitada pela população como bem entende, com muita roupa a secar.
Perto de Viseu o GPS manda-nos para a direita. Mas que raio… bem, todos estavam a ir por lá, vamos também. Foi um sobe e desce que naquela altura pareceu-nos complicado, o desgaste já era grande e a hora tardia. Chegamos a Viseu pelas 14h se não me engano. Apesar dos meus companheiros terem abastecimentos na mochila, eu não queria passar sem um almoço decente e assim fomos todos para um restaurante, que se revelou uma boa escolha. De facto, vinha-se a verificar que seria o destino de muitos. Depois dos chocos grelhados e do gelado era já hora de tomar o caminho de regresso.
Optamos pelo alcatrão como forma de retomar a linha. Apesar do percurso de volta ser bastante descendente, as horas em cima da bicicleta fizeram-se sentir o que levou a mais e demoradas paragens. Primeiro em Vouzela onde encontramos o Hernani dos Cagaréus e depois em Paradela, onde tive um furo e onde também me abasteci de nectarinas e pão! Fruta com pão é uma mistura deliciosa! Menos positivo foram os encontros com veículos motorizados, nomeadamente pessoal do motocross que nos ia passando a ferro. Porque é que a partir do momento em que alguém tem um motor nas mão passa a ser burro? Estou a generalizar, já encontrei grupos de motocross muito cuidadosos.
Bem, lá se chegou a Sernada do Vouga. Uns foram para Albergaria, eu e o pyrata seguimos o rio Vouga. Mais um furo! Comecei a ficar chateado e a vontade de chegar a casa era tanta que fui buscar o resto das forças para pedalar bem pelos campos de milho fora! O pyrata é que já ia mais em baixo. Não faz mal, durante o dia andou quase sempre à minha frente!
Resumindo, 208kms, 10h40m em cima da bicicleta. Mais uma vez o selim Selle Italia Yutaak Gel Flow revelou-se uma aposta vencedora para este tipo de travessia. Fiquei contente por ter superado este desafio principalmente porque não confiava na minha perna direita. Venha o próximo.